quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Parte II. Sobre a mobilidade urbana.

Agora vou falar um pouco do que acho, de fato, sobre isso tudo.

Obs.: Os links das matérias citadas aqui estarão no final da postagem.

Desde pequeno ando de bicicleta na rua. A primeira vez que saí até a cidade vizinha foi escondido da minha mãe que só soube da aventura quando voltamos, meus amigos e eu. Pedalo na rua até hoje (óbvio) e vejo esse lance de "cultura da bicicleta na "apenas" na ciclovia"
como uma grande bobagem. Daí você pode falar: "Mas Babo, andar na rua junto com os carros é perigoso!". Concordo. Andar de carro na rua com outros carros também é. Andar de moto na rua com outros carros também é!
Aí você vem e manda: "Mas "OS ÔNIBUS" não respeitam o ciclista" ou "...DIRETO vejo notícia de ciclista morrendo" (o que é um exagero) ou ainda "...mas é perigoso porque assaltam muito!"
Eu rebato: motoristas não respeitam quem não anda direito! E isso ME parece que tem melhorado mais. Ao meu ver, se você é daqueles que pedala com a bike toda caída, sem manutenção, com peça pendurada, de chinelos, não respeita o semáforo vermelho, anda na calçada montado na bike, ultrapassa ônibus pelo lado das portas, etc. Como quer ser respeitado se não anda em conformidade e respeita outras pessoas e as leis de trânsito?
Lembre-se de uma coisa: BICICLETA MONTADA É VEÍCULO!!! e por isso deve respeitar as leis de trânsito e se comportar como veículo.
Outra: Tem-se noticiado mais mortes de ciclistas porque há mais bicicletas nas ruas e há, atualmente, um movimento em favor da bicicleta que a põe em evidência. Se tivesse menos gente pedalando, haveria menos mortes noticiadas. Temos mortes de motoristas, passageiros, motoqueiros e pedestres todo dia (infelizmente) e já não são mais noticiadas com frequência porque a população amostral é grande e a amostra é relativamente pequena.
Outra: Perigoso é pra todo mundo. Quem está na bike, quem é pedestre, quem é motorista ou passageiro. A violência está generalizada e banalizada (infelizmente). Ou encara o dia a dia assim ou não sai de casa. Mas pare de mimimi.
E ainda digo mais. Conheço gente que não pedala por não haver ciclovia "próximo de onde mora".
A situação é muito profunda e complicada para ser resolvida com a construção de ciclovias, apenas. Atualmente, ciclovias são, em minha humilde opinião, para passeio. Para se locomover usando a bicicleta como meio de transporte sou defensor de que se use a rua!
Creio que um dos problemas é educacional (como muitos outros problemas de nosso país). Se tivermos pessoas educadas, teremos pedestres educados, teremos motoristas educados e, logicamente, ciclistas educados.
Não vejo a construção de ciclovias como solução para o não uso da bike como meio próprio de transporte.
Outro problema em nosso país é o deficientíssimo transporte coletivo (público?) que temos. Nosso país é enorme, com muita gente e os nossos modais são patéticos e lamentáveis.
Dia 27/09 li outra matéria na Folha de São Paulo (@folha) com o título: "Paulistanos deixam carro em casa e trânsito na cidade diminui.". Essa matéria pontua basicamente que a diminuição de uso de carros no dia a dia casa/ trabalho deve-se à crise econômica que o Brasil está atravessando. Ela mostra que está mais caro usar carro "somente" conforto próprio e, como o desemprego aumentou, o pessoal que "faz contas" com seu salário (como eu) decidiu deixar o carro em casa e ir trabalhar de transporte coletivo.
Acho que a melhoria dos transportes coletivos e revisão (ou criação) da legislação que fala sobre o uso de carros nas cidades são possíveis soluções para o problema de mobilidade urbana nos grandes centros. Se houvesse investimentos descentes e justos nessa parte da infraestrutura da cidade, creio que muitos que usam carro em seu cotidiano teriam que optar pelo transporte coletivo. Alguns, certamente, optariam por ir e vir de bike ao trabalho, escola, faculdade, consultas médicas e até reuniões de negócios.
Com menos carros nas ruas e mais trens, metrô e ônibus (talvez) as vias ficam menos movimentadas por veículos e mais seguras tanto aos pedestres quanto aos potenciais ciclistas que venham a aparecer.
Eu sei que alguém vai dizer: "Tá pensando que é assim? Que mais trem e metrô aparecem fácil? É muito dinheiro a gastar!"
Eu sei... eu sei... A questão é que certamente temos uma arrecadação municipal/ estatal que satisfaz a maior parte (senão todos) dos gastos públicos. O problema é que temos muitos gastos públicos absolutamente desnecessários. Não quero entrar nesse assunto, mas a máquina pública no Brasil é caríssima bem como a nossa arrecadação. Vide o impostômetro que não me deixa mentir. Nosso governo governas pelas prioridades erradas! E isso é que faz o doce desandar.

Mas é isso aí... Não creio que a criação de ciclovias resolve o problema da mobilidade urbana nem faz com que mais pessoas usem a bicicleta como meio de transporte. Mas melhorias significativas no sistema de transporte coletivo seriam um grande avanço. Seria bom se tivéssemos um transporte coletivo com qualidade e infraestrutura para podermos levar a bike conosco todos os dias. Mesclar o uso do transporte coletivo com o uso da bicicleta seria perfeito.

Esse post estará aberto para adições e a parte III já está em pauta.

Matérias citadas:
Paulistanos deixam o carro em casa e trânsito diminui

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