sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Sobre a Taça ADANN de MTBO que rolou em Búzios, RJ

Comentei em novembro de 2016 que Eu correria uma prova de orientação de Mountain Bike em Búzios, RJ, em dezembro passado, a IV Taça ADAAN de MTBO. Estamos quase em fevereiro mas o evento ainda está fresco na minha mente pois foi o que mais curti até hoje. Vamos lá...
Como eu já tinha dito nesse registro, planejei correr essa prova com meu amigo que normalmente me acompanha e meu sogro. "Mas Babo, como foi que você descobriu essa prova?". Descobri no site da Ativo que é site voltado pra divulgação geralmente de corridas de rua e outros eventos outdoor. Através do site fiz nossa inscrição e comecei meu planejamento. Comprei pneus com cravos e a suspa (que não chegou a tempo). Ajustei a bike e programei os treinos antes da prova porque, afinal de contas, até as preliminares desse evento eu nunca tinha posto a bike na terra de verdade, no melhor estilo Mountain Bike. Logo, pensei que seria bom eu pegar umas trilhas leves pra pegar um pouco da manha porque terra e asfalto são MUITO diferentes.

Obs.1: A trilha da Serra do Vulcão não foi nem de longe uma trilha leve. Foi pesadona mesmo. Foi uma maluquice minha pegar ela de cara. Mas fui e fiz.

"E o que é o MTBO, Babo?". MTBO é um esporte que mistura Mountain Bike com orientação. É uma categoria dentro dos esportes de orientação. A mais comum, óbvio, é a orientação em si onde o participante tem um ponto a chegar, que ele não toma conhecimento até o início da prova e precisa passar por diversos outros checkpoints até o objetivo final. Nessa modalidade o que importa é chegar e por isso costuma ser por caminhada. A partir daí temos a corrida pedestre (individual ou por equipe), o Mountain Bike (normalmente individual) e até a corrida por portadores de deficiência, com ou sem cadeiras de rodas, dependendo dá limitação do participante.

"Mas por que eu nunca ouvi falar disso aqui no Brasil?" Porque não é tão comum por aqui ainda, mas o é na Europa. Por aqui normalmente as provas são preparadas por organizações independentes, geralmente constituídas em sua maioria por militares (ou ex-militares) e, talvez, pessoas que curtem escotismo. Apesar disso, há federações de orientação estaduais (não lembro se há uma federal e não vou pesquisar agora) voltadas para organizações de eventos e desportos envolvendo o tema.

As características que todas as modalidades tem em comum são:

  • O fato de o participante não saber/conhecer o percurso, ou mesmo o relevo do terreno onde a prova ocorrerá;
  • O uso de um mapa com as demarcações de início, dos checkpoints e do fim com informações adicionais quando necessário. Esse mapa é entregue antes do início da prova.
  • O uso de somente uma bússola (geralmente) para auxílio na navegação, não sendo permitido o uso de GPS eletrônicos. Afinal, qual seria o barato se permitissem GPS modernões?
Isso esclarecido, vamos ao relato da prova IV Taça ADAAN de Orientação em Mountain Bike.

Obs.2: meu registro dessa prova no Strava pode ser visto aqui

Importante dizer que até esse evento eu não era nem entusiasta de orientação como esporte. Não tinha bússola e mal sabia interpretar um mapa. Uma semana antes eu comecei a assistir uns vídeos no YouTube e ler uns blogs pra aprender como usar uma bússola de mapa (que comprei na semana da prova) e a ler um mapa. Também procurei saber como funcionava esse tipo de prova.

A prova rolou no sábado, dia 10/12/16 e saímos de casa na sexta a noite pra dormir na casa do meu sogro, que fica próxima de Búzios. Saímos de casa tarde e acabamos chegando lá por volta de meia noite. E ainda tínhamos que descarregar uns móveis que levamos (fomos em 2 carros) e montar as bikes que foram desmontadas e ajustá-las pra prova pela manhã. Fui dormir umas 2 da manhã depois de ajustar as 3 bikes enquanto meu sogro preparava onde dormir e algum lanche e o amigo montava os móveis.


Chegamos em búzios e o primeiro problema: não achávamos o local onde ocorreria a prova, a Praia de Caravelas, no Parque Estadual Com do Sol. Entramos no parque mas todos que encontrávamos pelo caminho não sabiam nem que o nome do Parque era esse e não sabiam de qualquer evento. Depois de rodarmos mais de meia hora começamos a ver movimentação processual evento, conforme o pessoal foi chegando. Acontece que tínhamos chegado antes mesmo do pessoal que organizou o evento!

Pois bem, tudo resolvido e conversado sobre o evento ser mesmo ali. Nos aproximamos do pessoal organizador e descobrimos o segundo problema: Nossas inscrições não tinham sido repassadas pra organização da prova.

Fiz nossas inscrições pelo site da Ativo, que por sua vez não repassou nem as inscrições, muito menos os pagamentos.
Mostrei os recibos de pagamento e resolvemos isso tudo.

A partir daí é que a prova começa de fato. Pouco antes tinha rolado um briefing sobre como a prova funcionaria:
  • Cada atleta correria individualmente marcando seu tempo em checkpoints específicos à sua categoria
  • os 12 checkpoints deveriam ser feitos na ordem crescente de numeração. Caso pulasse um ou marcasse na ordem errada não teria o tempo computado (desclassificação)
  • Como era uma prova individual, não poderíamos correr em grupo como pensamos, a menos que estivéssemos (pelo menos 1 ou 2 de nós) dispostos a sacrificar um lugar no pódio.
  • Haveria premiações para o 1°, 2° e 3° lugares de cada categoria.


Na nossa inscrição meu sogro quase decidiu ir pra uma categoria que a galera de mais idade poderia correr, mas por receio de não se sair bem sozinho (os checkpoints eram diferentes pra cada categoria) decidiu correr conosco na que abrangia as idades de nós 3.
Fomos instruídos no momento da largada sobre como proceder na leitura do mapa e largamos eu, Felipe e meu sogro, respectivamente. Depois da largada, esperei quase 10 minutos até meu sogro iniciar e nos encontrar.

Tranquilos seguimos ao 1° checkpoint com certa facilidade. Esse marcado, seguimos animados e confiantes pro 2° e depois pro 3°. Alegria da pedalada e da prova. Nós 3 numa animação só. Aí o caldo entornou...

Erramos o caminho do ponto 3 pro 4 e demos uma volta enorme por um caminho super cruel com subida inclinada com partes rochosas e de pedras soltas. Foi bem difícil.
Aí ficou pior quando percebemos que tínhamos chegado ao ponto 5 ao invés do 4. Meu sogro não quis voltar pelo mesmo caminho e queria marcar o ponto 5, mas o convenci de fazer pois iria se desclassificar.

Notei que havia uma rodovia próxima ao ponto 5 e que ela poderia nos levar ao ponto 4 e sugeri isso. Meu sogro relutou é só concordou depois que um outro participante, ao chegar pra marcar o ponto 5, sugeriu o mesmo.

Saímos pela rodovia em direção ao ponto 4 e encontramos uma entradinha que dava pra trilha que levava ao ponto. Encontramos alguns outros ciclistas saindo dessa trilha e confirmamos que era ali mesmo. A trilha era fechada e com plantas cortantes como capim navalha e a outra que parecia com as folhas do abacaxi e tinham espinhos que machucavam as pernas. Felipe conseguiu furar um dedo por baixo da unha o que causou um sangramento de chegar a pingar (taí a importância de usar luvas dedos inteiro - ele não usou luvas). Fora os arranhões nas pernas.
Nessa trilha eu dei uma cabeçada sinistra num galho baixo, por erro de cálculo mental, que achei ter quebrado o engate da câmera mas não aconteceu (taí a importância de usar capacete. Se tivesse sem teria machucado feio a cabeça).

Depois desses percalços chegamos ao ponto 4. Na volta por essa mesma trilha pra chegar ao ponto 5 eu caí de forma boba e bem engraçada. Dá pra ver o tombo no vídeo aí embaixo (que ficou mais longo do que eu gostaria mas foi 1,5 hora de filmagem e nem consegui filmar toda a prova porque a bateria acabou e nem notei)

O ponto 6 foi já no Parque da Costa do Sol, pela entrada, bem “escondido” próximo ao chão. O ponto 7 foi um pouco mais adentro, entrando por uma trilha com entrada meio camuflada que mais parecia só um buraco na folhagem. Mais a frente o 8 (onde a bateria da câmera acabou e o vídeo termina) e depois o 9. O 10 também estava meio escondido num recuo que parecia uma espécie de garagem. Passamos direto dele mas o Felipe estava atento ao mapa e ao caminho, percebeu a bandeirola e nos gritou porque já tínhamos passado. Daí ao final não houve muita emoção que valha detalhar. Mas o final vale.

Chegamos de volta a Praia de Caravelas, fomos informados que fomos os últimos a chegar e estavam nos esperando pra fazer a apuração dos tempos marcados. Não lembro quais foram nossos tempos exatamente, mas lembro que as diferenças foram: minha - Felipe = uns 4 minutos e minha - meu sogro = uns 9 minutos.
Na apuração anunciaram os vencedores de outras categorias e qual foi a nossa surpresa, alegria e vibração geral (não só nossa) ao ouvirmos o tempo do meu sogro como ganhador do 3° lugar na categoria Elite (que que abrangia idades e nós 3 corremos). Como disse, todo mundo vibrou e meu sogro não acreditou muito de imediato. Depois quase chorou de alegria. Felipe ficou numa alegria repetindo “Caramba cara eu to muito feliz. É como se eu tivesse ganhado! Representou a equipe!”

Depois disso foram “só” fotos, abraços e cumprimentos, trocas de contatos e bate papo até pegarmos as coisas pra ir embora.
Todos ganhamos medalhas de participação e meu sogro ganho um troféu de 3° lugar.

Legenda: apresentador da prova ao fundo de camisa azul e calça preta, 4 atletas a frente. Meu sogro é o segundo da esquerda pra direita da tela e está vestido com camisa e bermuda de ciclismo azul e preto. Todos debaixo de um pagode grande com telhas coloniais.



 Legenda: Meu sogro com roupa de ciclismo azul e preto encostado na bicicleta vermelha sobre o gramado. Tenda do INEA - Instituto Estadual do Ambiente do RJ - ao fundo a esquerda da tela.


Legenda: Mapa da prova com o título IV Taça Adaan de Orientação em Moutain Bike, 2016 com a medalha de participação da prova acima a esquerda da tela e a bússola ao centro-direita da tela. Ambas sobre o mapa.

Então esse é o registro da nossa corrida na IV Taça ADAAN de MTBO em Búzios. A prova que corri que mais curti até hoje e que esse ano farei novamente.

Aqui o vídeo com a filmagem do pedal até o 8° checkpoint, a cabeçada que dei no galho indo pro 4°, o tombo que tomei do 4° ao 5°. Dá pra ter noção da vista do percurso e talvez da dificuldade que foi.




Acima de tudo, foi divertido demais.

;-)

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