segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Sobre montar um Single Speed do zero!

Isso aí... estou montando uma Single Speed de roda livre (chamarei de SS) e vou explicar porquê. Além disso, vou dar meu passo a passo pra montagem de uma bike assim. Vamos lá...
Primeiro vou dizer o porquê decidi montar uma bike assim.

Moro no Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, e como é sabido por muitos a violência no Rio não é pouca. Há pouco tempo troquei o quadro da minha bike, vendendo o Caloi Aluminum antigo e comprei um Venzo MX6-Evo novo e suspensão. O quadro antigo era amarelo e preto e já chamava um pouco a atenção, mas o novo é vermelho e a suspensão é branca, com pneus com cravos 2.0 ficou chamando mais a atenção ainda. Fora que eu não queria ficar trocando do pneu 1.5 liso pro 2.0 com cravo toda vez que eu fosse dar uma pedalada por uma estrada de terra ou coisa assim. As questões foram segurança e praticidade. Porque a single speed eu usaria no dia a dia, pra ir ao trabalho e à faculdade, no mercado ou coisa assim...
O melhor de tudo é que boa parte das peças que eu usaria seriam peças que já tinha, resultado de trocas de peças antigas que ainda estavam em bom estado. Meu objetivo era montar uma bike de "baixa renda" onde eu gastaria pouco pra colocar pra andar.

Agora o porquê uma single speed é vantajosa.

Uma premissa básica: Quanto menos componentes, menos manutenção necessária, menor o custo envolvido.
Basicamente, uma bike de uma velocidade só é muito útil para deslocamentos cotidianos (curtos ou não. Vai depender da disposição do ciclista) porque se alia a baixa necessidade de manutenções constantes como regulagem de marchas e peças mais baratas com a comum robustez e o uso da bicicleta para deslocamento diário, que já sabemos ser maravilhoso. Além de chamar menos a atenção na rua. E com isso, podemos deixar as bikes de marchas como as btt e as road mais bonitonas e preparadas para os treinos no fim de semana, correndo menos riscos caso aconteça um sinistro ou roubo.
Outra vantagem que vejo de se usar uma bike assim no trânsito é o fato de não se ter, normalmente, a opção de ter uma velocidade máxima, no plano, alta (é praticamente ter uma velocidade controlada) e maior controle da bicicleta devido a "menos atenção" dispendida aos comandos, que são poucos.

Por onde começar então?

Comecei procurando um quadro de Caloi 10 antigo em bom estado e no meu tamanho (54) e sugiro que quem queira uma bike assim comece pela procura do quadro ou mesmo use uma bike antiga qualquer pra esse propósito. No meu caso, eu queria uma com essa pegada mais "speed", com guidão drop e tudo mais. Olhei por perto em bicicletarias antigas e ferros-velhos e não encontrei nada. Procurei um tempo pelo Mercado Livre e só achei um tempo depois um quadro com preço bom e com frete aceitável de São Paulo, mas acabou que uma bicicletaria antiiiiga da minha cidade estava se desfazendo de diversas bikes que estavam lá há muito tempo e voilá, o quadro apareceu. Nunca acho coisa boas pra bike online no Rio.
Depois tinha que decidir as rodas. Caloi 10 antigas usavam aro 27" e achar pneus de qualidade pra esses aros não é fácil. Até mesmo achar aros decentes não é fácil. Decidi montar com aros 700 atuais. Comprei aros Vzam Team Flyer 36f (eu já tinha cubos de 36f), pneus kenda k191 700x23 e câmaras compatíveis. As rodas foram os itens mais caros. O restante foi tudo beeeem barato. Jogo de direção, pedais, coroa, corrente, mesa, guidão, ferraduras de freio, manetes de freio... tudo o mais baratinho que consegui montado e reunido ao longo de um tempo para completar a magrela.

Um detalhe importante (talvez o mais importante) é qual relação usar. "Mas por quê?" Porque você (e eu) vai precisar de uma relação que seja boa pra andar no plano sem girar muito (relação muito leve), mantendo uma velocidade razoável, mas não pode ser pesada de modo que o ciclista sofra fazendo força ou mesmo não consiga subir uma inclinação, mesmo que baixa, como um viaduto ou uma rua em aclive leve e constante. Fique claro que a SS desses casos aqui não está sendo preparada para escaladas ou treino de subidas, mas para deslocamento eventual diário! Para esses treinos mais técnicos a bike requer uma robustez e qualidade maiores das peças e isso custa mais, quebrando a proposta (pelo menos a minha). Em contrapartida, baixo custo não é o mesmo que porcaria! pode comprar peças baratas mas devem ser confiáveis! é a sua (e a minha) segurança que está em jogo!

Aqui um bom site pra calcular qual relação usar e ter uma ideia se a relação escolhida vai ficar pesada ou leve. Lembrando que ratios iguais ou maiores que 3.0 mais pesada fica a relação. Minha relação escolhida (46x18) dá um ratio de 2.56 e isso me permite subir com certa tranquilidade até uns 7-8% de inclinação (mas isso é particular) e girar bem no plano, atingindo uma velocidade média entre 25 e 30 km/h.

Como disse, minha ideia inicial era uma SS "baixa renda" e obviamente precisaria de freios. Sendo assim, comprei ferraduras de road comuns já sabendo que precisariam de adaptação para pegar nos aros 700 das rodas.

*Em tempo: A diferença das C10 antigas, aro 27 pras bikes road atuais aros 700 é basicamente o tamanho das rodas. Primeiro que "700" é pura jogada de marketing já que os aros possuem 622 mm de diâmetro e as "aro 27" possuem aros com 630 mm de diâmetro. Esses 8 mm fazem uma enorme diferença na hora de colocar os freios atuais em quadros antigos.

Voltando... comprei ferraduras atuais sabendo que teria de adaptá-las para usar no quadro antigo. Aí tive um problema que me parou por um tempo: Não conseguia adaptar de forma satisfatória por 'n' fatores. Tempo escasso, falta de ferramentas e espaço adequados para "criar" a adaptação, entre outras situações. Com isso, a bike foi ficando parada pegando poeira.

Inicialmente eu estava resistente a montagem de uma fixa por 2 motivos:

  1. comprei manetes de freio que "simulam" o STI das road atuais. Eu particularmente curto aquele visual com os manetes no guidão drop. E
  2. sempre achei que andar sem freio é loucura
Mas aí é que entra o tempero da parada... a necessidade.

Minhas férias na faculdade estavam acabando e queria a bike pra ir a faculdade e eventualmente ao trabalho. Tive a ideia de comprar um pinhão fixo, de rosca, com a mesma quantidade de dentes da roda livre que usaria. Minha relação inicial escolhida foi 46x18. Comprei o pinhão, instalei e dei umas voltas pra ver qual era.
Qual foi minha surpresa quando dei umas voltas e percebi outra bicicleta. Algo que eu nunca tinha experimentado. Nunca tinha pedalado nada igual. E CURTI!

Logo logo escreverei mais sobre minhas impressões sobre a fixa em si (estou usando ela assim ainda).

Abraço e até o próximo registro. ;-)

Nenhum comentário:

Postar um comentário